Cidade do Vaticano (EFE).- O líder do povo indígena Yanomami, Davi Kopenawa, se reuniu com o papa Francisco nesta quarta-feira e pediu ajuda para apoiar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que “precisa de um parceiro”, já que “não pode resolver tudo sozinho”.
“O papa quis conhecer o problema e a situação do meu povo”, disse Kopenawa à imprensa após a reunião privada com o pontífice no Vaticano.
Kopenawa também entregou ao pontífice uma carta na qual descreve a situação pela qual o povo Yanomami ando e com a qual pretendem entender o que seus integrantes estão exigindo.
O líder indígena afirmou que “há muitos políticos que não querem que Lula resolva as coisas” e que “ele é apenas uma pessoa e não pode resolver tudo”, motivo pelo qual pediu ao pontífice que lhe dê “apoio para reforçar seu trabalho” em defesa dos povos indígenas.
Segundo ele, o papa respondeu que “vai começar” a conversar com Lula sobre essa situação.
“O governo anterior (de Jair Bolsonaro) bagunçou tudo. Então o novo governo, que realmente conhece bem, que conhece a alma do nosso planeta, está tentando. Não vou dizer que vai consertar. Não vou dizer que vai consertar, mas eles estão tentando começar”, acrescentou Kopenawa, um dos ganhadores do Prêmio Right Livelihood, também conhecido como Nobel Alternativo, de 2019.
Kopenawa também fez um apelo à comunidade internacional, que, segundo argumentou, “tem o dinheiro para impedir essa destruição do nosso planeta Terra”.
Atualmente, o território indígena Yanomami também sofre os efeitos das mudanças climáticas, o flagelo do garimpo ilegal, que fez com que seus quase 30 mil habitantes sofressem com a fome, doenças e falta de assistência, algo que o próprio Lula pôde comprovar, ao visitar a área uma semana depois de assumir seu terceiro mandato.
Para aliviar essa situação, o governo brasileiro anunciou na segunda-feira novas ações militares contra a mineração ilegal na área, depois que ela foi reativada na região, localizada nos estados amazônicos de Roraima e Amazonas, na fronteira do país com a Venezuela.
Em 14 de março, o papa Francisco conclamou a comunidade internacional a ouvir os povos indígenas “para aprender com sua sabedoria e seu modo de vida” em termos de proteção ambiental. EFE