Pantanal atravessa pior crise hídrica em 70 anos, alerta secretário do Meio Ambiente do MS

São Paulo (EFE).- O Pantanal, considerado a maior área úmida do mundo, atravessa neste ano a sua pior escassez de água dos últimos 70 anos, alerta Jaime Verruck, secretário do Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul, estado que abriga o bioma.

Durante o segundo dia do 2º Fórum Latino-Americano de Economia Verde, organizado pela Agência EFE em São Paulo, Verruck argumentou que é necessário restringir o uso comercial desse espaço e, por esse motivo, no ano ado, a Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul aprovou a Lei do Pantanal, que propõe a conservação, proteção, restauração e exploração ecologicamente sustentável dessa região específica.

Essa legislação também proíbe o cultivo de soja, eucalipto e cana-de-açúcar e a instalação de usinas hidrelétricas e movidas a carvão.

Nesse sentido, o secretário sugeriu a necessidade de criar uma “agência climática estratégica” em nível nacional, que proporcionaria “transversalidade” na luta contra a crise ambiental, e sugeriu que as políticas públicas sejam divididas por biomas.

“As políticas públicas devem ser divididas por biomas, não tanto por estados. Se resolvermos o problema em um lugar e não em outro, não resolveremos o problema como um todo”, analisou.

Verruck disse que é responsabilidade dos governos regionais contribuir com os compromissos internacionais do Brasil nessa área, mas que, para isso, é necessário ter um orçamento para financiar os recursos climáticos.

“Em fóruns internacionais, ouvimos falar de bilhões, mas não estamos recebendo nem mesmo milhões. O Pantanal é a maior área do mundo com a maior biodiversidade, mas em fóruns internacionais a Amazônia é discutida e outros biomas não são considerados”, lamentou.

O secretário frisou que um dos pilares da gestão do governo estadual é o fomento à indústria, mas garantiu que nem o Brasil nem o Mato Grosso do Sul precisam desmatar para aumentar a produção.

Além disso, Verruck enfatizou que o Mato Grosso do Sul quer se tornar um estado neutro em carbono até 2030, embora tenha itido que essa é uma meta muito ambiciosa, já que o estado tem um grande volume de gases de efeito estufa provenientes de incêndios florestais.

Jaime Verruck participou do segundo dia do fórum, organizado pela Agência EFE, no “Desafios do desenvolvimento e planejamento territorial para a transição ecológica na América Latina”.

O evento é patrocinado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e pela Norte Energia, operadora de Belo Monte, a quinta maior usina hidrelétrica do mundo, com o apoio da Vivo e da Câmara Espanhola de Comércio no Brasil.  EFE