Carlos Pérez Gil |
Madri (EFE).- Giba, um dos maiores ídolos do vôlei brasileiro, com três títulos de Mundiais e três medalhas olímpicas, atualmente alia seu lendário status no esporte ao cargo de embaixador da Federação Internacional de Voleibol (FIVB), descarta a possibilidade de entrar para a política e diz não pensar em um dia ser técnico da seleção.
“O esporte me deu tudo e eu tenho que retribuir”, disse Giba, de 48 anos, durante sua participação nesta semana na primeira edição do torneio de vôlei Madcup, um evento que reuniu 50 equipes de jovens de até 16 anos em Las Rozas, em Madri.
A retribuição mencionada por Giba poderá vir, entre outras formas, através da participação em projetos sociais, mas não como político, embora já tenha recebido ofertas para entrar nesse mundo.
“Muitas vezes. No Brasil, quando um atleta olímpico se torna político, sua história esportiva é apagada. Não seria mais o Giba jogador de vôlei, mas o deputado, o senador… Não, não quero jogar fora minha história. Se o governador do meu estado no Brasil me chamar para um projeto, eu o faço, sem nenhum dinheiro em troca, e pronto. Faço isso pelas crianças e pelos jovens”, refletiu.
Com o Brasil, além de oito Ligas Mundiais, o ex-ponteiro conquistou o ouro em Atenas 2004 e pratas em Pequim 2008 e Londres 2012. Dois anos depois, encerrou a carreira para se dedicar à promoção do vôlei de base. Depois de jogar em vários países como profissional, como Itália, Rússia e Argentina, ele trabalhou por dois anos no Marrocos para promover o vôlei em vários países africanos.
O futuro do vôlei
Ao analisar a situação global, Giba afirmou que esse esporte “está crescendo cada vez mais, principalmente nos países que não tinham vôlei”.
“É um esporte que tem futuro. É o esporte mais voltado para a família. No futebol, a família inteira não vai, a criança vai sozinha com o pai ou a mãe. No vôlei, todos vão”, comentou.
Questionado se o futebol ofusca outros esportes, o ex-atleta opinou que “cada um tem o seu valor, os esportes não podem ser comparados”.
“Queremos ser e ganhar como no futebol? Não, temos que ter nosso espaço, lutar pelo vôlei e, acima de tudo, cuidar dos ídolos vivos para inspirar as crianças. Não vejo isso no vôlei, no basquete, no handebol… Na Polônia, eles têm uma cultura pelos ídolos que é um exemplo”, exemplificou.
Mudanças em gestão no Brasil
Para Giba, o Brasil precisa melhorar em termos de gestão para que o vôlei volte a brilhar.
“A gestão te ajuda a vencer. Se você tiver uma boa gestão, poderá fazer muitas coisas. É preciso pensar em um ciclo de oito anos. No Brasil, o esporte perdeu adeptos entre as crianças. Há também um problema político, porque a educação física não é mais obrigatória nas escolas. São várias coisas e, quando se juntam, têm consequências”, comentou.
Sobre a possibilidade de se tornar técnico da seleção, Giba comentou que tem outros objetivos em mente, embora não descarte essa alternativa.
“Nunca diga nunca, mas eu não penso nisso. O mundo é muito maior para fazer algo maior. O esporte me deu a oportunidade de estudar. Eu me formei em marketing e istração esportiva. Sei do que o esporte precisa e posso melhorá-lo. Posso ficar com as crianças o dia inteiro. Gosto delas, são mais puras, ouvem você e querem crescer o tempo todo”, afirmou.
A respeito do futuro, Giba revelou apenas que pretende “continuar trabalhando pelo esporte”.
“O esporte me deu tudo o que tenho na vida: o conhecimento, os amigos, a educação, o autocontrole, o espírito de equipe… Sinto em meu coração que tenho de devolver tudo isso ao esporte”, comentou. EFE