Londres (EFE) – O turismo global está a caminho de completar sua recuperação e fechar este ano nos níveis registrados em 2019, o último antes da pandemia de covid-19, segundo o relatório anual sobre o setor apresentado no World Travel Market (WTM) realizado em Londres.
O estudo diz que 1,5 bilhão de chegadas internacionais são esperadas este ano, superando o recorde histórico anterior estabelecido em 2019, antes das proibições de viagens e confinamentos impostos pelo coronavírus.
O autor do estudo, Dave Goodger, diretor para Europa, Oriente Médio e África da revista “Tourism Economics”, explicou que, até o momento, o número de viajantes internacionais ainda está abaixo do mesmo período de 2019 (cerca de 96%), mas espera-se que nos dois meses restantes do ano a diferença seja eliminada.
Após a “recuperação” das viagens em 2022 e a consolidação de 2023, este ano colocará o setor novamente em um caminho de crescimento como antes da pandemia.
Os mercados domésticos foram os primeiros a se recuperar, mas agora é a vez das viagens para o exterior, impulsionadas principalmente pelo forte desempenho das viagens de negócios.
Os pernoites dentro do mesmo país ainda representam 70% do total, embora o número de pernoites em viagens internacionais seja agora 10% maior do que em 2019.
“A tendência pré-pandemia era de viagens mais curtas. O tempo de permanência caiu 8% na década anterior à covid-19. Agora, ela é 12% maior. As pessoas agora querem ar mais tempo em suas viagens”, disse Goodger.
O relatório também conclui que a recuperação das viagens de longa distância é mais lenta do que a das viagens de curta distância.
Com relação às viagens de negócios, Goodger destacou que elas estão se recuperando muito mais rapidamente do que as viagens de lazer porque “a oportunidade de se encontrar pessoalmente é valorizada novamente”.
Força no Oriente Médio
Por região, destaca-se o desempenho do Oriente Médio, onde o número de viajantes internacionais quase dobrou em comparação com antes da pandemia, devido a fatores como a redução das restrições nas fronteiras, a abertura de países como a Arábia Saudita ao turismo e eventos como a Copa do Mundo no Catar.
Embora o crescimento tenha sido sustentado na Europa e na América Latina, com um aumento de 7% nos gastos com viagens, a recuperação é mais lenta na Ásia, onde ainda está 20% abaixo dos níveis pré-pandemia.
As perspectivas para o futuro são brilhantes, com a meta de 2 bilhões de viajantes internacionais esperados até o final da década, mas também há ameaças: 19% dos entrevistados citaram a geopolítica como o principal impedimento para viajar.
Cruzeiros e viagens lentas
Os navios de cruzeiro também têm grande destaque, especialmente no Caribe, com um aumento de 25% na capacidade de cruzeiros prevista para o próximo ano.
Esse segmento atende àquela parte da população “que quer que o transporte faça parte da experiência”, de acordo com Goodger, o que favorece o crescimento das “viagens lentas”, com alternativas como trens noturnos.
O estudo também revela a crescente importância da inteligência artificial no setor: 51% dos entrevistados com idade entre 18 e 34 anos (29% do total) disseram ter usado o Chat GPT ou uma ferramenta de IA para planejar suas viagens no último ano.
Os eventos culturais e esportivos estão surgindo como um ativo poderoso para atrair viajantes internacionais, especialmente entre as gerações mais jovens, que também estão mais preocupadas com o impacto negativo de suas viagens no meio ambiente. EFE