Cairo (EFE) – Os bombardeios de Israel e as novas ordens de retirada estão levando os palestinos a “se concentrarem em menos de um terço” da Faixa de Gaza, onde cerca de 1,9 milhão de pessoas tiveram que deixar suas casas desde o início da guerra, informou nesta segunda-feira a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA).
“A ordem de evacuação obriga as pessoas a se concentrarem em menos de um terço da Faixa de Gaza. Elas precisam de tudo: comida, água, abrigo e, acima de tudo, segurança. As estradas para o sul estão congestionadas”, disse em comunicado o chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini.
De acordo com ele, os bombardeios israelenses continuam após as ordens de deslocamento da cidade de Khan Younis para Rafah, na fronteira com o Egito, forçando mais de 60 mil pessoas a se refugiarem nas instalações da UNRWA “que já estavam superlotadas”.
Lazzarini também negou rumores sobre supostos planos da ONU de estabelecer campos de refugiados em Rafah e lembrou que “nenhum lugar em Gaza é seguro, nem no sul, nem no sudoeste, nem em Rafah, nem em nenhuma das chamadas por Israel de ‘zonas seguras'”.
“Os recentes acontecimentos estão estrangulando ainda mais a operação humanitária, com suprimentos limitados e complexos arranjos logísticos e de coordenação que retardam e, às vezes, obstruem o fluxo (de ajuda)”, denunciou.
O chefe da UNRWA acusou as autoridades israelenses de “continuar a restringir” o fluxo de suprimentos humanitários, incluindo combustível, de modo que a ONU está sendo forçada a usar a “mal equipada” agem de Rafah, que liga a Faixa de Gaza ao Egito e não está preparada para o transporte de caminhões.
Ele reiterou o apelo às autoridades israelenses para que reabram a agem de Kerem Shalom, também no sul do território palestino, bem como outras agens para “facilitar a entrega incondicional, ininterrupta e significativa de assistência humanitária”.
“Não fazer isso viola o direito internacional humanitário”, disse Lazzarini, lamentando que o fim da trégua de uma semana, rompida na última sexta-feira, “tenha causado mais sofrimento, perda e dor aos civis onde quer que eles estejam”. EFE