Cairo (EFE).- O presidente da Turquia, o islamita Recep Tayyip Erdogan, acusou nesta terça-feira em Doha o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de continuar a guerra na Faixa de Gaza devido a “cálculos políticos internos”, e fez um apelo para que seja realizada uma investigação internacional sobre o “crimes de Israel” no enclave palestino.
“Matar crianças e mulheres e ass 17 mil palestinos inocentes é um crime de guerra e contra a humanidade (…) Israel terá que prestar contas por estas ações”, disse Erdogan em uma cúpula de chefes de Estado dos países árabes do Golfo, realizada hoje em Doha.
O presidente da Turquia, aliada histórica de Israel, reiterou a necessidade de alcançar um cessar-fogo permanente na guerra iniciada em 7 de outubro entre Israel e o grupo islâmico Hamas, e de trabalhar para “estabelecer um Estado palestino soberano nos territórios de 1967, com capital em Jerusalém Oriental”, ocupada por Israel naquele ano.
“O nosso objetivo é alcançar uma trégua e um cessar-fogo permanentes e estabelecer o Estado palestino”, frisou Erdogan, insinuando a possibilidade do seu país desempenhar um papel na futura gestão de Gaza após a guerra ou o desaparecimento do Hamas, que controla o enclave.
“Neste contexto e para atingir este objetivo, estamos dispostos a assumir responsabilidades na região (…) Explicamos isso a todos os países, inclusive os da região, para que haja a opção de um Estado garantidor”, acrescentou.
Embora não considere o Hamas uma organização terrorista, a Turquia é uma aliada histórica de Israel, embora as suas relações com o Estado judeu tenham deteriorado desde que Erdogan chegou ao poder em 2002, com dois longos períodos de ruptura na última década.
Turquia e Israel restabeleceram contatos no ano ado, com planos para uma cooperação mais estreita, embora a tensão entre as partes tenha regressado após a guerra em Gaza. EFE