Santiago (Chile), 9 fev (EFE).- O presidente do Chile, Gabriel Boric, definiu nesta sexta-feira Sebastián Piñera como um líder que “abriu caminho para uma direita moderna e democrática” e disse durante seu funeral de Estado que o ex-mandatário, morto em um acidente de helicóptero, “nunca se negou a dar conselhos, apesar das diferenças públicas” entre ambos no ado.
“Ele foi um homem que sempre colocou o Chile em primeiro lugar, que nunca se deixou levar pelo fanatismo ou pelo rancor. Todos nós que estamos na política devemos observar essas virtudes”, analisou Boric, antes de reconhecer que se tornar presidente “permitiu entender melhor Sebastián Piñera e os presidentes anteriores”.
Boric, que como deputado foi um ferrenho opositor de seu antecessor, disse que para reivindicar seu legado é preciso “abraçar a compreensão e agir com senso de urgência e pragmatismo” e garantiu que “ele era um líder resiliente, que sabia como mudar o roteiro quando necessário”.
“Sebastián Piñera serviu com amor ao seu país. Chegará o momento de refletir sobre as sombras e luzes que ele teve como qualquer homem público, mas hoje não é o momento para isso”, acrescentou o presidente.
Depois de um abraço emocionado da viúva e ex-primeira-dama, Cecilia Morel, a cerimônia continuou com uma “guarda de honra” simbólica liderada pelo próprio Boric e pelos ex-presidentes Eduardo Frei Ruiz-Tagle (1994-2000) e Michelle Bachelet (2006-2010 e 2014-2018), que acompanharam por alguns minutos o caixão de Piñera, o primeiro político de direita a chegar ao poder depois da ditadura militar.
Ministros do gabinete de Boric, assim como o restante dos poderes do Estado e representantes de todo o espectro político, também participaram da cerimônia. O único que não participou foi o ex-presidente Ricardo Lagos (2000-2006), que na semana ada anunciou sua aposentadoria da vida pública e nesta sexta-feira se desculpou por problemas de saúde.
Após esse gesto, a procissão partiu para a Catedral Metropolitana, onde o arcebispo de Santiago, Fernando Chomalí, celebrará uma missa. Em seguida, o cortejo ará por La Moneda (sede do governo), onde a guarda do palácio e o próprio Boric prestarão uma última homenagem a ele.
O corpo do ex-presidente, dono de uma das maiores fortunas da região, será enterrado no cemitério Parque del Recuerdo, na cripta da família.
O helicóptero que Piñera pilotava caiu no lago Ranco, um resort exclusivo a mais de 800 quilômetros ao sul da capital, onde ele ava os verões com a família.
As três pessoas que viajavam com ele, incluindo sua irmã Magdalena, conseguiram se salvar. O Ministério Público ainda investiga por que a aeronave caiu na água. EFE