Copenhague (EFE).- O jornalista australiano e fundador do portal WikiLeaks, Julian Assange, foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz de 2024, segundo informou nesta terça-feira a deputada norueguesa responsável pela indicação.
“Assange revelou crimes de guerra ocidentais e contribuiu para a paz. Se quisermos evitar a guerra, devemos saber a verdade sobre os danos que provoca”, disse ao jornal “Dagbladet” Sofie Marhaug, deputada do partido de esquerda Vermelho.
Marhaug classificou Assange como “prisioneiro político” e frisou que o jornalista deveria ser homenageado pela sua contribuição para a paz e não perseguido.
“O Ocidente grita quando outros países fazem isso, mas não quer atenção quando isso acontece na nossa esfera. Dando o Prêmio Nobel da Paz a Assange, o Instituto Nobel enviaria uma mensagem clara de que não aceitamos duplos padrões”, destacou Marhaug.
Assange, de 53 anos, apresentará hoje e amanhã perante o Supremo Tribunal de Londres aquele que poderá ser seu último recurso judicial no Reino Unido contra sua extradição para os Estados Unidos, que o requerem por 18 crimes de espionagem e intrusão informática devido às revelações do WikiLeaks.
O jornalista australiano está em prisão preventiva em um presídio de segurança máxima de Londres desde que foi detido a pedido dos EUA após ter sido detido em 2019 na embaixada do Equador na capital britânica, depois que Quito retirou o asilo diplomático concedido em 2012.
Assange havia se refugiado ali após sua detenção inicial em Londres em 2010, a pedido da Suécia, para uma investigação preliminar por estupro que foi encerrada anos mais tarde devido ao enfraquecimento das evidências e à falta de base para uma acusação.
Os Estados Unidos exigem Assange por conta das informações confidenciais – fornecidas pelo seu contato no Exército americano Chelsea Manning, agora livre –, publicadas em 2010 e 2011 pelo WikiLeaks, que expam violações dos direitos humanos nas guerras do Iraque e do Afeganistão.
De acordo com o testamento de Alfred Nobel, magnata sueco que instituiu os prêmios que levam o seu nome, os candidatos ao Nobel da Paz podem ser indicados por professores universitários de Direito, História e Ciência Política, parlamentares, ex-laureados e membros de tribunais internacionais, entre outros.
Apenas se os proponentes a tornarem pública é que a identidade dos candidatos poderá ser conhecida, uma vez que o Comitê do Nobel publica somente o número total de candidatos e só confirma seus nomes 50 anos depois.
Os prêmios Nobel são entregues todos os anos no dia 10 de dezembro, coincidindo com o aniversário da morte do seu fundador, em uma cerimônia dupla: na prefeitura de Oslo, para o Prêmio da Paz, e no Konserthus de Estocolmo, para os demais prêmios.
A ativista iraniana Narges Mohammadi foi a vencedora do Nobel da Paz de 2023 em reconhecimento ao seu trabalho em defesa dos direitos das mulheres no país persa. EFE