Santiago (EFE).- O presidente do Chile, Gabriel Boric; e o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, defenderam nesta sexta-feira uma posição coerente com os direitos humanos que ambos os países compartilham sobre os conflitos em Ucrânia e Faixa de Gaza.
Sánchez e Boric compareceram nesta sexta-feira ao Pátio das Camélias do histórico Palácio de La Moneda com um discurso cheio de sinergia, com a bandeira do feminismo hasteada, a defesa compartilhada de políticas que favorecem a distribuição da riqueza e a luta contra o avanço da extrema direita.
“Em setembro ado, o presidente Pedro Sánchez, junto com outros presidentes e ex-presidentes, assinou o compromisso com a democracia 50 anos após o golpe de 1973 (no Chile) e hoje, como presidentes progressistas, reafirmamos nosso compromisso de trabalhar por um mundo onde prevaleçam os direitos humanos, a paz e a democracia”, anunciou Boric.
Boric disse que ambos também defendem que um cessar-fogo seja imposto o mais rápido possível na Faixa de Gaza, “onde estamos vendo ataques violentos e inaceitáveis contra a população civil pelo exército israelense, que resultaram em milhares de vítimas”.
“Que não haja dúvidas, não hesitamos nem por um segundo em condenar os ataques do Hamas na época. Mas hoje o que está acontecendo em Gaza não tem justificativa alguma. E é por isso que, junto com Pedro, continuamos coerentes em nosso discurso de respeito ir aos direitos humanos e ao direito internacional, que para países de médio porte como os nossos são a principal garantia de respeito à nossa integridade”, acrescentou.
“Compartilhamos também a necessidade de repensar a arquitetura institucional global, nos moldes do que propôs o secretário-geral da ONU, António Guterres, tanto em questões políticas quanto econômicas. E isso é algo que vamos reforçar nas diferentes áreas de integração que temos com Pedro, em particular no fórum Celac-União Europeia”, concluiu.
Coerência e respeito aos direitos humanos e ao direito internacional também foram as fórmulas usadas por Sánchez durante seu longo discurso na sede da presidência chilena.
“O presidente Boric disse algo muito importante: ambos os países, ambos os governos, estão demonstrando coerência em relação aos dois conflitos abertos no mundo neste momento que estão dominando a conversa global, na Ucrânia e em Gaza. E o que ambos os governos estão pedindo é coerência em relação ao respeito ao direito internacional”, declarou.
“E também em relação à soberania nacional e à integridade territorial de um povo livre como a Ucrânia em face da invasão e agressão da Rússia, e também em respeito ao direito humanitário internacional, que está claramente sendo prejudicado como resultado da resposta do governo israelense, neste caso do primeiro-ministro (Benjamin) Netanyahu, ao povo de Gaza”, acrescentou o presidente do Governo espanhol.
“Mais de 30 mil pessoas morreram desde 7 de outubro. Muitas delas são crianças, muitas são mulheres, e acho absolutamente inaceitável que a comunidade internacional permaneça imperturbável diante de um problema que está afetando a todos nós e que está envergonhando a comunidade internacional como um todo”, enfatizou Sánchez.
“Portanto, gostaria de agradecê-lo por sua posição consistente de respeito à lei internacional, tanto na Ucrânia quanto em Gaza, e é claro que você pode contar com o apoio do governo espanhol nessa posição. Os dois países estão unidos por muitas coisas, idioma, cultura, história, (mas) também estamos unidos por princípios e valores, como os que mencionamos em relação ao conflito em Gaza e também à guerra na Ucrânia”, concluiu.
Na primeira etapa de sua atual viagem à América do Sul, que termina nesta sexta-feira, Sánchez manteve um diálogo semelhante com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que mais uma vez recorreu ao conceito de genocídio para explicar a ofensiva israelense.
“O conselho da ONU tem que parar essa guerra. Mais de 30 toneladas de alimentos não podem chegar. Se isso não é um ato desumano, o que é?”, disse Sánchez.
Brasil e Chile são, junto com Colômbia, Bolívia e México, os países latino-americanos que mais criticam as políticas de ocupação e guerra do atual governo israelense e os que tomaram as medidas mais ousadas tanto bilateralmente quanto em órgãos multinacionais como o Tribunal Penal Internacional (TPI) e o Tribunal de Justiça da ONU. EFE