Estrasburgo (EFE).- O primeiro-ministro da Finlândia, Petteri Orpo, disse nesta quarta-feira que “evidentemente” a Rússia está se preparando para um “longo conflito com o Ocidente” e advertiu que, se a Europa não responder “o suficiente” ao desafio de Moscou, os próximos anos serão “cheios de perigos e a ameaça iminente de ataque”.
“A Rússia continua a cometer crimes de guerra na Ucrânia. Ela ou para uma economia de guerra. A Rússia está claramente se preparando para um longo conflito com o Ocidente e representa uma ameaça militar permanente e existencial para a Europa”, analisou o político finlandês durante um debate no plenário do Parlamento Europeu.
Orpo acrescentou que se, como uma Europa unida, a União Europeia não responder “o suficiente a esse desafio, os próximos anos serão cheios de perigos e a ameaça iminente de ataque”.
“Devemos fortalecer nosso apoio à Ucrânia agora para vencer esta guerra e, ao mesmo tempo, melhorar nossas próprias capacidades de defesa e a capacidade de nos defendermos”, opinou.
Ele também considerou “essencial” que a UE ofereça “um caminho europeu confiável” para a Ucrânia, acrescentando que a ampliação da UE é “uma necessidade geopolítica e uma questão de segurança”.
“Apoiar a Ucrânia não é apenas um imperativo moral, mas também uma necessidade estratégica. O custo do sucesso militar russo excederia em muito o investimento necessário para apoiar a Ucrânia. Imagine o que acontecerá em seguida se a Rússia for bem-sucedida”, alertou.
O governante enfatizou que cada euro investido na Ucrânia hoje é “um pequeno preço a ser pago em comparação com os custos alternativos se a Rússia vencer”.
Além disso, ressaltou que a Finlândia aumentou sua produção de munição e pediu a todos os países membros da UE que “façam o mesmo”, em um contexto marcado pela necessidade de Kiev de lidar com a invasão russa.
“É crucial reconhecer que as capacidades militares da Rússia são limitadas, apesar de suas tentativas de esconder esse fato. A Rússia não é invencível. Podemos superar esse desafio se reunirmos nossos recursos. Temos os recursos financeiros, agora precisamos demonstrar nosso compromisso político”, argumentou.
Complementando o raciocínio, o premiê disse que “mais Europa não significa e não deve significar menos Estados Unidos”.
“Os Estados Unidos são e serão nosso aliado mais importante, e precisamos fortalecer nossos laços transatlânticos tanto na defesa quanto no comércio”, explicou.
Depois do que aconteceu com a Rússia, Orpo disse considerar que “nunca mais” se deve “depender tanto de outros para energia e segurança”, e ressaltou que a UE “deve cuidar de sua própria defesa”.
Ele também pediu o fim do relaxamento das regras europeias de auxílio estatal após a pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia.
Em relação aos pactos de livre-comércio, ele disse que, se a UE quiser ser “globalmente relevante”, precisa de “uma melhor capacidade de concluir, ratificar e implementar acordos comerciais” e “não uma melhor capacidade de derrubá-los”.
Quando à política ambiental, afirmou que os objetivos não podem ser alcançados apenas com mais regulamentação.
“Precisamos de incentivos, não de paus e burocracia”, opinou.
Grupos de esquerda no Parlamento Europeu criticaram Orpo por suas políticas domésticas em áreas como emprego e greves, assim como por governar com a extrema direita, enquanto a direita e a ultradireita elogiaram o político.
O primeiro-ministro finlandês disse que não há partidos de extrema direita em seu governo. Entretanto, vários ministros pertencem ao partido de extrema direita Verdadeiros Finlandeses. EFE