Cidade do México (EFE).- O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, afirmou nesta quinta-feira que seu governo “não cometerá o erro” de apoiar nem o atual presidente dos Estados Unidos e candidato democrata, Joe Biden, nem o republicano Donald Trump nas campanhas presidenciais americanas.
“Não vamos cometer o erro que cometemos no ado de apoiar qualquer candidato dos Estados Unidos, essa é uma decisão que corresponde aos cidadãos dos Estados Unidos, só nos reservamos o direito de questionar quando se faltar ao respeito ao povo do México, sejam eles quem forem”, declarou.
O mandatário mexicano se referiu em sua entrevista coletiva matinal em Mexicali, na fronteira com a Califórnia (EUA), às eleições americanas, onde Biden e Trump iniciaram ontem suas campanhas após garantirem o número necessário de delegados de seus partidos para serem os candidatos oficiais.
Ele criticou a oposição mexicana por apoiar em 2016 a candidata democrata Hillary Clinton, que perdeu para Trump.
“Houve mais coisas boas para os dois povos, tanto para os Estados Unidos como para o México, do que as diferenças que tivemos com o presidente Trump (2016-2021). E com o presidente Biden também (houve) uma relação muito boa”, disse.
López Obrador descartou tensões que possam surgir com os EUA se Trump vencer, apesar de ter intensificado a sua retórica anti-mexicana e anti-imigrante com promessas como o cercar a fronteira e o envio de tropas para combater os cartéis mexicanos.
“Não (haverá tensões), acho que temos um relacionamento muito bom com o governo dos Estados Unidos, isso é muito importante para a Baixa Califórnia e nossos compatriotas que vivem e trabalham honestamente na Califórnia”, afirmou.
O presidente insistiu que “é muito boa a relação com o governo americano” e “foi com o governo do presidente Trump”, com quem só teve “um problema”, as tarifas que impôs aos produtos mexicanos em maio de 2019 para exigir que o México detivesse o fluxo migratório.
Ele também comentou que “agora existe uma relação muito estreita” com Washington.
“O presidente Biden tem sido muito consistente, agora que está tentando apresentar uma iniciativa de reforma migratória, ele se comprometeu que, antes de enviar a iniciativa, que ela entrasse em discussão, ia perguntar o nosso ponto de vista. De maneira muito respeitosa, dissemos que não concordávamos”, relatou.
López Obrador lembrou que seu governo pediu a ambos para “regularizar a situação de mais de 5 milhões de mexicanos que vivem, trabalham e contribuem para o desenvolvimento dos Estados Unidos”.
“Agora que as campanhas estão em andamento, gostaria de ouvir de um dos candidatos uma abordagem nesse sentido, seria muito bem vista por toda a comunidade mexicana e latino-americana”, disse.
As tensões bilaterais sobre migração, tráfico de drogas e armas ameaçam aumentar em 2024, quando coincidirem as eleições presidenciais dos Estados Unidos e do México. EFE