Vladimir Putin. EFE/Arquivo/ALEXANDER ASTAFYEV/ SPUTNIK / GOVERNMENT PRESS SERVICE / POOL

Putin ameaça Europa diante de possível uso de armamento da Otan contra o território russo

Moscou (EFE).- O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou nesta terça-feira a Europa com “graves consequências” se os países da Otan permitirem que a Ucrânia use armamento ocidental contra alvos em território russo.

“Esses representantes dos países da Otan, especialmente na Europa, especialmente em países pequenos, devem saber com o que estão brincando. Eles devem se lembrar de que, como regra, são Estados com territórios pequenos, mas densamente povoados”, disse Putin em uma entrevista coletiva no final de sua visita ao Uzbequistão.

Putin enfatizou que “esse é o fator que eles devem levar em conta antes de falar sobre lançar ataques contra o interior do território russo”.

“Essa escalada constante pode ter consequências graves, e se essas consequências graves forem sentidas na Europa, como os Estados Unidos reagirão? Será que eles querem um conflito global?”, questionou Putin, fazendo alusão à paridade nuclear entre as duas superpotências.

Referindo-se aos comentários do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, de que Kiev deveria ter permissão para atacar a Rússia com armamentos ocidentais, Putin comentou que ele não poderia ignorar que armas de alta precisão de longo alcance não podem ser lançadas sem o uso de satélites espiões ocidentais.

“Ele foi primeiro-ministro da Noruega. Nós nos encontramos e resolvemos questões complicadas sobre o mar de Barents e outras. Em geral, conseguimos chegar a acordos. Portanto, eu tinha certeza de que ele não estava sofrendo de demência”, argumentou.

Putin ressaltou que a escolha dos alvos só pode ser feita por “especialistas altamente qualificados” e enfatizou que os mísseis de cruzeiro Storm Shadow podem receber instruções de voo “sem a presença de soldados ucranianos”.

Ele também enfatizou que os alvos também podem ser inseridos automaticamente no caso do ATACMS dos EUA com base em dados de satélite.

“Quem faz isso? É feito por aqueles que produzem e por aqueles que supostamente fornecem à Ucrânia esses sistemas ofensivos. Isso pode acontecer e acontece sem a participação de soldados ucranianos”, observou.

O chefe do Kremlin enfatizou que tais missões “não são preparadas por soldados ucranianos, mas por representantes dos países da Otan”.

Putin também questionou se os EUA realmente querem chegar a um acordo sobre armamentos estratégicos, acrescentando que Moscou não vê agora “grandes desejos”.

Em declarações à revista semanal ‘The Economist’, Stoltenberg assegurou no fim de semana ado que a possibilidade de a Ucrânia poder atacar dentro do território russo é “legal”, desde que se trate de “objetivos militares e legítimos”, razão pela qual pediu que o veto ao uso de armas ocidentais seja suspenso.

Nesse sentido, o alto representante da União Europeia (UE) para Relações Exteriores e Segurança, Josep Borrell, pediu nesta terça-feira um “equilíbrio” entre a necessidade da Ucrânia de atacar alvos em território russo e o risco de escalada do conflito.

Por sua vez, o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, disse mais cedo que os caças F-16 que entregará à Ucrânia, de acordo com o acordo que assinou com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, só poderão ser usados em território ucraniano e não para atacar diretamente a Rússia.

O presidente ucraniano, no entanto, insistiu na necessidade de obter a aprovação de seus aliados para usar armas ocidentais contra o território russo.

O Reino Unido deu o primeiro o e recentemente autorizou a Ucrânia a atacar o território inimigo com suas armas, mas EUA, Alemanha, França e a maioria dos aliados de Kiev proibiram as forças ucranianas de fazer isso. EFE