A presidente do México, Claudia Sheinbaum. EFE/Arquivo/Mario Guzmán

Sheinbaum diz a Trump que “uma tarifa será seguida por outra”

Cidade do México (EFE).- A presidente do México, Claudia Sheinbaum, respondeu nesta terça-feira às sinalizações de tarifas do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, com uma carta na qual advertiu que “uma tarifa será seguida por outra em resposta” e na qual rejeitou as “ameaças” do republicano.

“Presidente Trump, não é com ameaças ou tarifas que o fenômeno da migração ou o uso de drogas nos Estados Unidos serão abordados. Precisamos de cooperação e compreensão econômica recíproca para enfrentar esses grandes desafios. Uma tarifa será seguida por outra em resposta, e assim por diante, até colocarmos em risco as empresas comuns”, disse ela.

Sheinbaum leu em sua entrevista coletiva matinal a carta que enviará nesta terça-feira a Trump, que no dia anterior anunciou que uma de suas primeiras ordens executivas será impor tarifas de 25% sobre “todos os produtos” do México e do Canadá, até que a “invasão” de migrantes ilegais e drogas, particularmente o fentanil, seja “interrompida”.

A líder mexicana destacou que entre os “principais exportadores do México para os Estados Unidos” estão as montadoras General Motors, Stellantis e Ford Motors, que chegaram ao país há 80 anos.

“Por que cobrar delas um imposto que as coloca em risco? Isso não é aceitável e causaria aos Estados Unidos e ao México inflação e perda de empregos”, argumentou.

A presidente defendeu o Tratado entre México, Estados Unidos e Canadá (T-MEC), em vigor desde julho de 2020 e assinado durante a primeira presidência de Trump (2017-2021).

Por esse motivo, ela reiterou que busca uma reunião com a equipe de Trump para explicar a importância do México, que envia mais de 80% de suas exportações para os Estados Unidos e agora os dois países são os principais parceiros comerciais, à frente da China.

“A força econômica da América do Norte está na manutenção de nossa parceria comercial. Dessa forma, podemos permanecer mais competitivos em relação a outros blocos econômicos. Acredito que o diálogo é o melhor caminho para o entendimento, a paz e a prosperidade em nossas nações, e espero que nossas equipes possam se reunir em breve”, opinou.

Ela também respondeu às acusações específicas de Trump, citando uma redução de 75% desde dezembro do ano ado nas reuniões diárias de migrantes na fronteira dos EUA, com base nos números da Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP).

A governante também argumentou que “a epidemia de fentanil” é “um problema de consumo e saúde pública na sociedade dos EUA”, razão pela qual o México está colaborando “por razões humanitárias”.

Segundo ela, em 2024 as autoridades mexicanas confiscaram “toneladas” de diferentes drogas e 10.340 armas, além de prender 15.640 pessoas por crimes relacionados a drogas, e os “precursores químicos” para fabricar essas drogas sintéticas “entram ilegalmente” pela Ásia.

Por fim, Sheinbaum disse que Trump “também deveria estar ciente do tráfico ilegal de armas” dos Estados Unidos, de onde vêm 70% das armas apreendidas no México. EFE