Jacarta (EFE). – Dois jovens, de 18 e 24 anos, foram punidos publicamente nesta quinta-feira, na Indonésia, com 165 chicotadas por manterem relações homossexuais, de acordo com a sentença proferida por um tribunal da sharia na província de Aceh, que é regida pela lei islâmica.
Os condenados, que foram descobertos por vizinhos e arrastados nus para fora de um quarto no dia 7 de novembro de 2024, receberam nesta quinta-feira a punição em um parque público, diante de dezenas de pessoas. Um carrasco mascarado contou as chicotadas, segundo constatou a Agência EFE.
O mais jovem recebeu 80 chicotadas, enquanto o outro foi punido com 85 por ter proporcionado o local onde foram encontrados tendo relações sexuais consensuais, o que, segundo a sharia, configura o crime de liwat.
No dia em que foram sentenciados, o de juízes considerou os jovens culpados e apontou como agravante o fato de ambos professarem a fé muçulmana, razão pela qual deveriam respeitar a lei islâmica, de acordo com a agência de notícias estatal indonésia “Antara”.
O tribunal, no entanto, descartou uma punição mais severa — que pode chegar a até 100 chicotadas por pessoa ou 100 meses de prisão — ao levar em consideração que os réus são jovens, não possuem antecedentes criminais e “prometeram não repetir seus atos”.
A homossexualidade não é ilegal segundo a legislação indonésia — exceto em Aceh, onde a sharia é aplicada —, mas ainda é um tabu no país, onde “há um ambiente cada vez mais hostil para a comunidade gay”, de acordo com a Human Rights Watch.
A diretora para a Ásia dessa organização, Elaine Pearson, destacou em declarações à EFE, no início de fevereiro, que a penalização das relações homossexuais na Indonésia, país com a maior população muçulmana do mundo, é um ato discriminatório que viola os direitos humanos. EFE