Benjamin Netanyahu. EFE/Arquivo/SHAWN THEW

Netanyahu diz que relatório da ONU “ataca Israel com acusações falsas”

Jerusalém (EFE).- O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse nesta quinta-feira em um comunicado que o último relatório da ONU, que acusa Israel de várias formas de violência sexual e de gênero contra a população palestina em Gaza, busca “atacá-los com acusações falsas”.

“Em vez de se concentrar nos crimes contra a humanidade e nos crimes de guerra cometidos pela organização terrorista Hamas no pior massacre contra o povo judeu desde o Holocausto, a ONU optou mais uma vez por atacar o Estado de Israel com acusações falsas, incluindo acusações infundadas de violência sexual”, diz um comunicado divulgado por seu escritório.

O documento, apresentado hoje pela Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre os Território Palestino Ocupado (criada em 2021 pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU), documenta em 50 páginas diversas formas de abusos cometidos pelas forças israelenses, com mulheres e meninas entre as principais vítimas.

“O circo anti-Israel chamado de ‘Conselho de Direitos Humanos’ da ONU há muito tempo foi exposto como um corpo antissemita, corrupto, terrorista e irrelevante. Não é coincidência que Israel tenha decidido se retirar dele há cerca de um mês”, continua a declaração de Netanyahu.

Alguns dos abusos relatados no relatório incluem estupro de detentos, tratamento humilhante em centros de detenção, batidas policiais e postos de controle, além de forçar as vítimas a se despir ou ser fotografada e filmada em circunstâncias degradantes.

Além disso, o relatório denuncia que as forças israelenses também destruíram de forma sistemática inúmeras instalações de saúde sexual e reprodutiva em Gaza, ao mesmo tempo em que bloquearam a chegada de medicamentos e equipamentos necessários para garantir o bem-estar de mulheres grávidas, em trabalho de parto e no pós-parto.

A comissão também documentou casos em que mulheres e meninas de todas as idades, incluindo mulheres grávidas, foram alvos diretos de ataques de franco-atiradores, o que o relatório também define como um crime contra a humanidade e um crime de guerra.

Embora a relação entre Israel e ONU sempre tenha sido marcada por desentendimentos, o início da ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza aumentou essa tensão como nunca antes.

Após as críticas iniciais da ONU a Israel por seus bombardeios contra o enclave, o governo israelense declarou a organização, juntamente com seu secretário-geral, António Guterres, “persona non grata”, o que os proíbe de entrar em território israelense.

O governo de Netanyahu considera que a organização de direitos humanos, que há meses pede o fim da guerra para proteger a população palestina e exige que o Hamas liberte os reféns, adotou uma postura tendenciosa e anti-israelense.

Em 6 de fevereiro, o governo israelense formalizou sua retirada de todas as atividades relacionadas ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas por meio de uma formalidade realizada em Genebra. EFE