Dmitry Peskov. EFE/Arquivo/VALERIY SHARIFULIN/SPUTNIK/KREMLIN POOL

Kremlin afirma que agora é “muito difícil imaginar” negociações de desarmamento com os EUA

Moscou (EFE).- O Kremlin afirmou nesta terça-feira que um diálogo sobre desarmamento nuclear com os Estados Unidos está completamente fora de questão, dado o estado das relações bilaterais entre as partes.

“No momento, é muito difícil imaginar o início de tais negociações, já que o início das negociações sobre segurança estratégica e controle de armas pressupõe um certo nível de relações bilaterais e confiança mútua”, disse o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov, em sua entrevista coletiva diária por telefone.

Peskov acrescentou que as partes devem primeiro restaurar a confiança “com a correspondente vontade política” de seus presidentes.

“Para conseguir um possível início de negociações tão complexas no futuro, tanto Moscou quanto Washington estão fazendo esforços consideráveis ​​para normalizar nossas relações bilaterais, que sofreram sérios danos nos últimos anos durante o governo anterior em Washington”, declarou o porta-voz.

O ex-presidente e atual vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, advertiu hoje que o desarmamento nuclear será impossível nas próximas décadas, mesmo que o atual conflito na Ucrânia seja resolvido pacificamente.

“A situação é tal que, mesmo que o conflito em torno da chamada Ucrânia seja completamente encerrado, o desarmamento nuclear será impossível nas próximas décadas”, escreveu Medvedev em seu canal no Telegram.

Medvedev, que fez essas observações por ocasião do 15º aniversário da do tratado de desarmamento START III entre a Rússia e os EUA, previu que nos próximos anos, “o mundo criará novos e mais destrutivos tipos de armamentos, e mais países adquirirão armas nucleares”.

Da mesma forma, o homem que governou a Rússia entre 2008 e 2012 lamentou que a do START em 2010 não tenha reduzido o risco de guerra nuclear, culpando por isso os EUA e seus aliados.

Em fevereiro de 2023, um ano após o início da campanha militar na Ucrânia, o atual presidente russo, Vladimir Putin, suspendeu a participação de seu país no START III, ou Novo START, o último tratado de desarmamento nuclear ainda em vigor com os EUA.

O START III foi assinado em Praga em 8 de abril de 2010 por Medvedev e o então presidente dos EUA, Barack Obama.

O tratado limitou o número de armas nucleares estratégicas, com um máximo de 1.550 ogivas nucleares e 700 sistemas de mísseis balísticos para cada uma das duas potências em terra, mar ou ar.

A Rússia quer incluir a França e o Reino Unido em futuras negociações de desarmamento com os Estados Unidos, que exigem a participação de outra potência nuclear, a China.

Ao mesmo tempo, Moscou critica o debate estratégico lançado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a possibilidade de estender o guarda-chuva nuclear francês a outros aliados europeus. EFE