Teerã (EFE).- O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, afirmou nesta terça-feira que não acredita que as negociações nucleares com os Estados Unidos serão bem-sucedidas, e classificou como “bobagem” a exigência de Washington de que Teerã abandone o enriquecimento de urânio.
“Não achamos que vá funcionar. Não sabemos o que vai acontecer”, disse Khamenei, referindo-se às negociações nucleares, durante um ato em homenagem para o presidente Ebrahim Raisi, que morreu há um ano em um acidente de helicóptero.
A mais alta autoridade política e religiosa da República Islâmica lembrou que, durante seu mandato (2021-2024), Raisi negociou com os Estados Unidos, “obviamente sem resultados”, situação que acredita que se repetirá agora.
“O lado americano que participa dessas negociações indiretas deveria tentar não falar bobagens”, declarou o clérigo, referindo-se à exigência dos EUA de que o Irã abandone o enriquecimento de urânio.
“A alegação dos EUA de que não permitirão que o Irã enriqueça urânio é um disparate. Ninguém (no Irã) espera permissão dos outros”, assegurou, enfatizando que “a República Islâmica do Irã tem suas próprias políticas e métodos, e segue essas políticas”.
O Irã e os EUA iniciaram negociações nucleares em 12 de abril e já realizaram quatro rodadas até agora. Washington sinalizou a possibilidade de realizar outra reunião no próximo final de semana em solo europeu, mas ainda sem confirmação oficial.
Nos últimos dias, aumentaram as divergências sobre as linhas vermelhas de cada país em relação ao programa nuclear do Irã: Washington defende o “enriquecimento zero” por Teerã, que insiste que nunca aceitará essa abordagem.
Ontem, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, reiterou a posição de seu país: “Não importa o quanto repitam, nossas posições não mudarão. Nossa posição é clara: continuaremos com o enriquecimento”.
Diante dessas tensões, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Ismail Baghaei, declarou ontem à noite que ainda não se decidiram sobre a participação na próxima rodada de negociações.
A diplomacia iraniana respondeu assim ao enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, que disse em uma entrevista à emissora “ABC” no domingo que o enriquecimento de urânio do Irã é uma linha vermelha para Washington.
Essa tensa troca de posturas ocorre em meio às ameaças militares que o presidente dos EUA, Donald Trump, tem repetido contra o Irã caso o país não chegue a um acordo após o restabelecimento da chamada “política de pressão máxima” contra Teerã.
Os Estados Unidos se retiraram do pacto nuclear de 2015, que limitava o nível de enriquecimento de urânio usado no programa nuclear do Irã em troca do levantamento das sanções econômicas. EFE
