Jerusalém (EFE).- Cerca de 130 mil crianças permanecem isoladas no norte da Faixa de Gaza há 50 dias, devido ao cerco militar imposto por Israel, sem o a cuidados humanitários, água, alimentos e medicamentos, segundo denunciou nesta segunda-feira a ONG Save the Children.
“A situação no norte de Gaza não é propícia à sobrevivência humana e sabemos que há cerca de 130 mil crianças com menos de 10 anos presas nestas condições, para não mencionar as milhares de crianças mais velhas e suas famílias”, disse o diretor regional da organização, Jeremy Stoner, em um comunicado.
A ONG informou que há sete semanas não consegue distribuir 5.000 pacotes de alimentos ou entregar suprimentos médicos, e que o hospital Kamal Adwan, um dos poucos que ainda funciona parcialmente no norte do enclave, é constantemente atacado e seus suprimentos diminuíram drasticamente.
Segundo dados da ONU, Israel negou a entrada de 85% das missões humanitárias destinadas àquela área do enclave durante o mês de outubro, e detalhou que dos 98 carregamentos, apenas nove entraram.
Nesse sentido, Stoner declarou que “a guerra em Gaza é uma guerra contra as crianças” e indicou que números recentes confirmam isso, com mais de 17 mil crianças mortas em quase 14 meses de guerra.
“Mais de 4 em cada 10 pessoas verificadas como mortas em Gaza são crianças. Deles, a maioria tem entre 5 e 9 anos”, acrescentou, referindo-se a um relatório recente da ONU. Além disso, quase 70% dos 44.200 mortos são crianças e mulheres.
Por sua vez, a Save the Children estima que 44% das vítimas mortais são menores de 10 anos.
O Exército israelense cerca o norte de Gaza desde 6 de outubro, limitando a transferência de pacientes, a circulação da população, bem como a entrada de ajuda humanitária, em meio a constantes bombardeios contra zonas residenciais.
Desde então, mais de 2.500 pessoas morreram e 6.000 delas ficaram feridas, segundo dados da Defesa Civil de Gaza.
O governo de Israel alega que o cerco militar no norte de Gaza procura impedir a milícia do Hamas de se reagrupar nesta área. Contudo, alguns dos ministros mais radicais do governo defendem a reocupação do norte do enclave. EFE